Seja bem-vindo ao InfoCristão, o portal gospel da família brasileira!
sábado , 27 julho 2024
Saúde

ACC 2024: Avanço mandibular na apneia do sono e alto risco cardiovascular

ACC 2024: Avanço mandibular na apneia do sono e alto risco cardiovascular

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um dos principais fatores de risco para eventos cardiovasculares (CV). A Apneia obstrutiva do sono (AOS) é subdiagnosticada e é causa de HAS, principalmente HAS resistente e refratária. As diretrizes de hipertensão recomendam diagnóstico e tratamento de AOS em pacientes com HAS por ser um fator de risco modificável. O CPAP é a primeira linha de tratamento de AOS, no entanto, alguns pacientes não se adaptam a este dispositivo. 

O estudo

O objetivo deste estudo apresentado no congresso do American College of Cardiology (ACC 2024) foi comparar a eficácia relativa de um dispositivo de avanço mandibular (DAM) vs CPAP na redução de pressão arterial (PA) de 24 horas ambulatorial para pacientes que recusam ou não toleram CPAP. 

O DAM avança a mandíbula durante o sono e reduz o colapso das vias aéreas neste período. Estudos prévios mostraram melhora da sonolência e da qualidade de vida. 

O CRESCENT trial foi um estudo de não inferioridade (com margem de +1,5 mmHg baseado em estudos prévios comparando CPAP e sham CPAP) e randomizado. A hipótese nula seria que o CPAP é mais efetivo em reduzir a média de PA em 1,5 mmHg. 

Os critérios de inclusão foram: ser chinês (pela conformação da face), 40 anos, ter HAS em uso de pelo menos uma medicação anti-hipertensiva, alto risco CV (definido por: diabetes, AVC prévio, coronariopatia significativa, doença renal crônica, idade 75 anos). 

Foram recrutados 321 participantes (o número necessário calculado para poder de 90% foi de 220 pacientes) em três hospitais públicos da China e Cingapura para polissonografia. Destes, 220 participantes com AOS moderada a grave (índice de apneia-hipopneia (IAH) ≥15 eventos/hora) foram randomizados para DAM ou CPAP (1:1) e seguidos por 12 meses de tratamento.  

O desfecho primário foi a diferença da média de PA de 24 horas após seis meses. 

Os grupos foram similares em características de baseline, sendo a média de idade 61 anos, > 90% homens, IMC ~27,5, média de pressão arterial sistólica (PAS) 125 mmHg. Entretanto, foram discrepantes em relação a taxa de adesão aos dispositivos: a média de uso ≥ 6 horas por noite foi de 48% no grupo DAM e apenas 23% no grupo CPAP. 

Resultados

A PA arterial média de 24 horas diminuiu 2,5 mmHg (p 0,003) aos seis meses no grupo DAM, enquanto nenhuma alteração foi observada no grupo CPAP (p 0,374). A diferença entre os grupos foi de -1,6 mmHg (IC 95% [-3,51 a 0,24], p não inferioridade < 0,001), demonstrando que o DAM foi não inferior ao CPAP pois o intervalo respeitou a margem de +1,5 mmHg pré-estabelecida. Os resultados foram semelhantes mesmo após a exclusão de 21 pacientes que tiveram seus anti-hipertensivos ajustados durante o seguimento. 

O grupo DAM demonstrou, também, maior redução nos parâmetros secundários da PA ambulatorial (PA diurna  e PA noturna) em comparação ao grupo CPAP, com o efeitos mais pronunciados na PA durante o sono. 

 Ambos os dispositivos melhoraram a sonolência diurna (DAM 15,4%, p 0,001 e CPAP 27,5%, p < 0,001), sem diferença estatística entre grupos (p 0,384).  

O DAM foi não inferior ao CPAP na redução da PA média arterial de 24 horas em pacientes chineses com AOS moderada a grave e hipertensão com risco CV aumentado. Deve-se observar que a taxa de adesão ao CPAP foi bem menor que a do DAM o que pode subestimar o potencial efeito do CPAP nesta população. 

Veja aqui todos os destaques da nossa cobertura do ACC 2024!

Confira também o Instagram e o site da Afya CardioPapers para mais informações sobre a edição deste ano do congresso do American College of Cardiology.

Selecione o motivo:

Errado

Incompleto

Desatualizado

Confuso

Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Autor

Graduação em Medicina e Clínica médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo


Por: Sara Del Vecchio Ziotti
Fonte/URL: https://pebmed.com.br/acc-2024-avanco-mandibular-na-apneia-do-sono-e-alto-risco-cardiovascular/

Artigos Relacionados